Praticar Yoga é descobrir fortalecer sua própria identidade.É identificar-se consigo mesmo.Pensar com sua própria cabeça e observar o mundo por sua própria e única perspectiva.É quebrar e romper barreiras sociais.É também ser livre para agir .É mudar .
Enfim , é revelar a perfeição que existe nato em nós.
Yoga não é teoria , é pura realização.

Olá visitantes

Comece lendo esse blog de baixo para cima
primeiro o Sámkhya e depois os sútras de Pátañjali .
Os sútras estão primeiro na sua lingua original (sânscrito ) acompanhado das traduçôes de George Feuerstein e Mestre DeRose .Em seguida em alguns sútras comentários de George Feuerstein e comentarios meus
Espero que seja de grande utilidade para aqueles que buscam a verdade e a compreensão da sua existencia.

sexta-feira, setembro 24, 2010

O YOGA É MAIS CÉLEBRE DO QUE CONHECIDO

A filosofia do Sámkhya

O Sámkhya é considerado o mais antigo de todos os sistemas filosóficos da Índia. Tem-se Kapila como seu fundador, lá pelo século VI a.C., embora se tenha descoberto em escritos anteriores idéias incorporadas posteriormente à doutrina Sámkhya. Assim como o Yôga clássico, o sistema Sámkhya surgiu de uma tradição oral bem mais antiga. No Rig-Veda, no Mahabhárata, nos Upanishads e em outros textos, encontramos um fundo comum que originou os três principais sistemas ortodoxos: o Sámkhya, o Yôga e o Vêdánta. Semelhantemente ao Yôga, o Sámkhya dividiu-se em várias correntes e encontrou períodos de renascimento e expansão, possuindo vários textos e pensadores importantes. O Sámkhya-Kariká de Íshwara Krshna é o mais antigo e remonta ao século IV. Entre os comentários ao Sámkhya-Kariká temos o Sámkhya-Tattva-Kamudi de Vâchaspatimisra (séc.IX), e os trabalhos de Aniruddha (séc.XV) e Vijñana Bhikshu (séc.XVI), estes últimos baseados também no Sámkhya-Pravacana-Sútra.

O termo Sámkhya pode ser tomado em vários sentidos; sua raiz tem a ver com a palavra "número", adquirindo a partir daí o significado de "enumeração" e "classificação perfeita". A "classificação" aqui entendida deve ser a complexa cosmogonia Sámkhya, que toma o universo como o desenvolvimento de vinte e quatro princípios. Todos estes princípios surgem de um dualismo fundamental entre Purusha (espírito) e Prakrití (matéria). No seu desenvolvimento, o universo une os dois pólos, que no homem são responsáveis pela ignorância e o sofrimento. A libertação humana consiste em novamente separar espírito e matéria, por isso Mircea Eliade toma o termo Sámkhya no sentido de "discriminação".

Não se pode escrever sobre Yôga sem tratar do Sámkhya, tamanho são os vínculos entre uma escola e outra. Muitos subestimam o Yôga, atribuindo ao Sámkhya todas as suas idéias filosóficas importante, mas não nos parece assim. Ao mesmo tempo que o Yôga tomou do Sámkhya grande parte de sua metafísica e certos aspectos da sua psicologia, não podemos desconsiderar profundas divergências que encontramos entre ambos. O Sámkhya é às vezes chamado de Niríshwara-Sámkhya (o Sámkhya sem Íshwara) em contraposição ao Yôga, muitas vezes chamado de Sêshwara-Sámkhya (o Sámkhya com Íshwara). Ou seja, toma-se as escolas como se compusessem uma mesma metafísica, com a única diferença que, enquanto o Sámkhya é ateu (sem Íshwara - o Senhor), o Yôga é atenuadamente teísta (com Íshwara - o Senhor). Porém, o Sámkhya não é completamente ateu, nos textos mais antigos do Sámkhya a idéia de Deus era contemplada, posteriomente é que esta idéia foi tão individualizada que Deus passou a ser sinônimo de espírito humano individual. Sem negarmos a imensa influência do Sámkhya sobre o Yôga e outras escolas filosóficas hindus e gregas, devemos reconhecer que, enquanto o Sámkhya se baseia na tradição escrita, o Yôga se funda na tradição oral e na experiência direta. No Sámkhya e no Vêdánta a percepção da verdade é um discernimento (viveka), enquanto no Yôga a verdade é a experiência do êxtase (samádhi). Devido a isso, o Yôga possui uma ontologia mais sintética e prática, faz uso de uma terminologia menos metafísica e mais voltada à aplicabilidade existencial. Ambas as escolas se completam mutuamente; encontramos no Mahabhárata:

"Não há conhecimento como o Sámkhya, não há poder como o Yôga.".

Apesar das diferenças por nós apontadas entre Sámkhya e Yôga, torna-se impossível separar completamente esta filosofias, escrever sobre Pátañjali implica comentarmos também o Sámkhya, como: a dor universal, a criação (de cunho teológico e fruto da ignorância), a relação do espírito com a matéria, a estrutura da vida psíquica, a libertação humana, e o tema de nosso trabalho - a consciência. Todos estes temas se referem de algum modo ao problema da consciência, e serão abordados um a um no decorrer de nossa tarefa. Nela são particularmente importantes os conceitos de Purusha e Prakrití, pois manipulando a interpretação dos mesmos nós faremos considerações sobre: a consciência, o ser e o conhecimento. Diz o Bhagavad-Gíta:

"Ao contrário do sábio, o ingênuo acredita que o método Sámkhya e o Yôga são coisas distintas. Quem se aplica devidamente a um deles colhe o fruto de ambos."

Extraído do livro Yôga e Consciência, de HENRIQUES, Antônio Renato

O Purusha

Nos antigos Vedas já aparece o termo Purusha, como essência universal, associada à cosmogonia:

"Purusha tem mil cabeças, mil olhos e mil pés. Pervade a terra por todos os lados, enche o espaço da largura de dez dedos. Purusha é na verdade tudo isto, tudo que foi e será. É o Senhor da imortalidade e se torna maior ainda pelo 'alimento'."

O "alimento" de que trata o texto é o alimento sacrificial. Purusha como divindade suprema torna-se ainda maior pelo sacrifício. Os Upanishads clarificam mais ainda esta idéia de Purusha como ser supremo. Identificando-o ao aspecto criador da Trimurti (Brahma):

"Purusha, o ser perfeito, inspirador de incessantes desejos, está desperto durante o sono, e se denomina de Brahma, o imortal. Alicerce dos mundos, nada é diferente dele".

O termo Purusha aparecerá no Sámkhya (que é ateu) e no Yôga, já não mais identificado a uma divindade, mas significando o "espírito". Na base da ontologia Sámkhya há o dualismo de espírito e matéria. O termo Purusha, que designa o espírito, significa literalmente o "homem"; Purusha é a essência individual do homem. Este espírito individual deve ser tomado aqui como consciência singular, distinta e única. Apesar de os Purushas serem múltiplos, inumeráveis e distintos, eles são homogêneos, porque pertencem a uma mesma natureza. Vemos que este dualismo do Yôga conduz a um pluralismo, existe Prakrití (a matéria primordial), que, ao emanar, se divide, e Purusha, que é múltiplo, ou seja, existe Prakrití e Purushas. Porém, devido à simultaneidade e às relações que irão se estabelecer entre Purusha e Prakrití, pode-se dizer que há sob o dualismo explícito um monismo implícito. É Purusha que dá sentido à Prakrití, e no êxtase (samádhi) o dualismo desaparece, pois o universo manifestado é como não-existente, só a realidade de Purusha é percebida, ou melhor, é autopercebida.

Purusha é eterno e contempla seu próprio ser, é o conhecedor, a testemunha. Purusha é consciência pura, isolada dos sentidos em suas relações com a matéria; é, portanto, diferente dos estados de consciência próprios do mundo mental. Purusha é sem desejos e sem inteligência, seus atributos são negativos.

Desde suas mais remotas formulações, nos Upanishad, nas epopéias, no Bhagavad-Gítá, nos Yôga-Sútra e seus comentários, o Yôga se apresenta indissoluvelmente ligado a um outro "ponto de vista" (dárshana) tradicional, ao Sámkhya, entretanto não como este aparece codificado durante a época clássica nos Sámkhya-Karika de Íshwara Krshna, mas as formas mais antigas da mesma escola.

O Sámkhya estabelece os princípios sobre os quais o Yôga baseia sua prática e define com clareza o objetivo que ela terá como alvo, de modo que todas as disciplinas propostas pelo Yôga ficam desprovidas de sentido se não compreendermos a cosmologia, a psicologia e a soteriologia fornecidas pelo Sámkhya. Sámkhya e Yôga, que eram tidos como os dois mais antigos ensinamentos (o Mahabharata os denomina "as duas doutrinas eternas", sanatane dve), são freqüentemente considerados como os dois aspectos, um teórico e o outro prático, de uma mesma doutrina. Uma das melhores fontes de informação que possuímos sobre a situação antiga da doutrina Sámkhya é constituída pelo próprio comentário de Vyása aos aforismos de Pátañjali, o Yôga-Bhashya; esse comentário se conclui ao fim de cada capítulo pelo colofão: "Tal é, no ensinamento do Yôga de Pátañjali, na exposição do Sámkhya, o capítulo do comentário de Vyása que trata de ...", expressão que mostra claramente ter sido o texto composto com a intenção de elucidar ao mesmo tempo os princípios do Sámkhya e do Yôga. Se ainda tivéssemos dúvidas sobre as estreitas relações entre essas duas vias, o Bhagavad-Gítá nos assegura (III, 5-6):

"Os ignorantes (literalmente: as crianças) falam do Sámkhya e do Yôga separadamente (como de duas vias diferentes), mas não as pessoas instruídas que, ao se dedicarem a um, conhecem igualmente o fruto dos dois."

Se bem que o Sámkhya se coloque como um sistema completo, que se basta a si mesmo, para permitir ao homem a finalidade última da existência, encontra sua aplicação natural nos métodos do Yôga, e todo esforço do yôgin (adepto do Yôga) é incompreensível se não foram aceitos os dados fundamentais estabelecidos pelo Sámkhya. Entretanto, não é raro ver-se pesquisadores lançarem-se ao estudo do Yôga sem terem plenamente apreendido os princípios do Sámkhya e, justamente por causa disso, pararem ou perderem-se no caminho; por esse motivo, a exposição desses princípios será um pouco longa

Purusha e Prakrití

O segundo pólo da realidade primeira é Prakrití, que pode ser chamada de substância primordial, origem de todo o universo fenomênico.

Prakrití, assim como Purusha, é atemporal e, nesse sentido, eterna. Prakrití é tomada também num sentido de matriz feminina, que, devido à proximidade de Purusha, elemento masculino primordial, se dinamiza dando início à criação.

Purusha atua sobre a Prakrití como um ímã, à distância. E da Prakrití surge a primeira manifestação (tattva) que é Mahat - "o grande", é assim chamado por ser o mais elevado dos princípios, não existindo nenhum maior que ele. Mahat pode ser entendido como energia cósmica ainda não diferenciada, sendo chamado também de Buddhi. O termo Buddhi dá ao Mahat o sentido específico de "inteligência". Mas tal é a inteligência cósmica, Buddhi nos textos clássicos é comparada ao céu estrelado, ao firmamento, representando a divina inteligência ainda não individualizada.

O terceiro princípio é ahamkára, a individualização, o surgimento do eu; aham em sânscrito significa "eu". Em ahamkára, a inteligência (Buddhi) se individualiza tornando-se inteligência pessoal, intelecto, parte finita do firmamento infinito, expressão humana da inteligência divina. Segundo o Sámkhya, ahamkára não possui estrutura, é uma massa energética que escapa ao sensóreo, é apenas uma vaga autoconsciência, o obscuro conhecimento de ser um "eu". A partir de ahamkára a Prakrití se bifurca, criando de um lado a realidade subjetiva e de outro a realidade objetiva, pois que o princípio de individualização implica o surgimento do sujeito frente aos objetos, do eu frente ao não-eu. No mundo relativo ao sujeito surgem as cinco faculdades sensíveis (tanmatras): sonora, tangível, visível, sápida e olfativa; e os cinco elementos (buttas): éter, ar, fogo, água e terra. Como manifestação do sujeito frente aos objetos surgem as cinco faculdades de ação (Karmendriya): palavra, preensão, locomoção, excreção e prazer, relativos à voz, às mãos, aos pés, ao ânus e ao sexo. Dos tanmatras (qualidades sensíveis) surgem os átomos (paramánu) e moléculas (sthulabhutani), e deles os vegetais (vrikshas) e animais (sharira). Eis como se manifesta Prakrití. Nestas manifestações estão presentes as qualidades primitivas ou modos de manifestação, que são: tamas, rajas e sattwa.

A essência do Sámkhya

Um texto Sámkhya afirma: "Tal como o leite inanimado jorra com a finalidade do crescimento da vitela, assim é a atividade da matéria primordial (Prakrití), do gênero feminino), destinada à libertação do espírito (Purusha, masculino). Tal como uma bailarina revela a sua arte ao público e se retira, do mesmo modo a matéria primordial se desenrola perante o espírito e se retira depois. Assim, nenhum espírito está preso, nenhum é libertado, nenhum transmigra; a matéria primordial, tomando formas diferentes, transmigra, prende-se e liberta-se a si própria. Por meio das suas próprias formas a matéria se limita a si própria e, tendo por objetivo o espírito, ela própria, com uma das suas formas, nomeadamente o conhecimento, causa libertação. 'Não sou assim', 'Isto não é meu', 'Isto não sou eu próprio'- pelo repetido reconhecimento desta verdade surge o conhecimento puro. Pelo que o espírito, permanecendo não-afetado, qual espectador, contempla a matéria primordial que, tendo cessado o seu objetivo, parou de evoluir. Um (espírito) é indiferente porque a sua visão se fez através da matéria; o outro (matéria) deixou de ser ativo porque foi um meio de outrem ver; mesmo que a sua união continue por algum tempo, não há evolução."

Extraído do livro A Índia, de RAGHAVAN, G.N.S. Pág. 9. Publicações Dom Quixote. Lisboa. 1984.

Os samskáras e os vasanás na estrutura psíquica do ser humano

Na literatura sânscrita do Yôga não há um termo que traduza literalmente o sentido da palavra "inconsciente", porém, nela aparecem muitos termos que só podem ser compreendidos supondo-se uma concepção de inconsciente. Poderíamos sem exagero dizer que o inconsciente é uma invenção hindu, basta vermos a importância que possui no Yôga seus termos similares.

1.1 Samskára (impressões)

Os processos mentais (chittavritti) deixam na mente impressões subconscientes, que Pátañjali chama de samskára. Estas impressões permanecem na mente de modo latente, influenciando a vida psíquica, são o que o Yôga chama também de "sementes" (bíja), que produzem "tendências" (vásana), novos pensamentos, redemoinhos mentais (vrittis). Cabe ao praticante de Yôga impedir o surgimento dos samskára e destruir as impressões e tendências que buscam atualização.

Quando uma tendência ou impressão se atualiza, transforma-se em hábito e se aprofunda como samskára. Se tal hábito não é superado, suprimido ou sublimado, ele se transformará em vício, implicará pelo menos a dependência psíquica e a compulsão ao ato repetitivo. Por exemplo: se alguém experimenta um cafezinho num intervalo de trabalho, tendo isto como algo agradável, tenderá a repetir a experiência em todos os intervalos de trabalho, e se sentirá necessitado de um café no dia em que tal atualização não for possível.

Para Pátañjali samskára é o mesmo que memória, já que sem memória não permaneceria na mente impressão alguma, e tampouco haveria desejo de reprisar qualquer ato que fosse.

1.2 Vásana (tendências)

O termo sânscrito vásana também é usado por Pátañjali num sentido quase igual ao de samskára. Podemos traduzir vásana como tendência latente ou impulso. A diferença sutil entre samskára e vásana é que o primeiro tem uma conotação estática de impressão, registro, enquanto que o segundo seria a faceta dinâmica da impressão, ou seja, sua manifestação como tendência, desejo, pulsão. Escreve Feuerstein:

"Os samskára de um mesmo tipo combinam-se para formar configurações ou 'rastros' (vásana) na mente profunda."

Quase ninguém faz tal distinção, pois ambos aparecem juntos e no fundo são a mesma coisa. Mircea Eliade escreve:

"A vida é uma contínua descarga de vásanas que se manifestal nos vrittis. Psicologicamente, a existência humana é uma incessante atualização do subconsciente, mediante 'experiências'. Os vásanas condicionam o caráter específico de cada indivíduo; tal condicionamento está de acordo com a herança e com a situação kármica do indivíduo."

Isto significa de um lado que o reconhecimento da ilusão por si só não liberta o homem, pois segundo o Yôga, nele os vásanas continuarão atuando. De outro lado sabemos que os vrittis podem ser com kleshas ou sem kleshas, e que o termo klesha pode ser traduzido como "mancha", "impureza". Daí que o conceito de vásana está bastante próximo da psicanálise freudiana, pois as tendências aparecem como desejos. Pulsões impuras do inconsciente e desejos inconfessáveis do "id" são quase o mesmo. O impulso inconsciente quer se tornar consciência, o desejo quer se realizar e repousar.

No Yôga os impulsos inconscientes possuem uma dimensão muito ampla, pois estão associados à idéia do karma. São as ações que cobram suas conseqüências num circuito de causa e efeito, em que os atos se registram como expressões de experiências agradáveis ou desagradáveis, em que as impressões se transformam em tendências que, ao se atualizarem na consciência, conduzem irremediavelmente e de novo ao ato. Este círculo é rompido quando o espírito (Purusha) deixa de ser arrastado pela matéria (Prakrití); a ignorância se desfaz quando o yôgi adquire o discernimento e faz uso das técnicas do Yôga. Escreve Pátañjali:

"Hetu-phálashrayálambanaih samgrihítatvád eshám abháve tad-abhávah"."Estando interligados (samgrihitatvád) como causa-efeito, substrato-objeto (ashraya = apoio, suporte, 'substrato'; alambanaih = objeto), os efeitos desaparecem (abhávah) quando a causa desaparece (abháve)".Y. S. - IV, 11

Demonstra o Yôga que os samskáras e vásanas são grandes obstáculos à iluminação, o inconsciente se opõe à ascese, por isso se impõe seu necessário domínio e conscientização. Há também o medo, pois as pulsões inconscientes temem não se atualizarem, e o ego teme sucumbir às forças totalizadoras do inconsciente.

A satisfação dos desejos e a manifestação de formas são impulsos egóicos de exteriorização, mas realizar um desejo é esgotá-lo, e a plenitude de ser das formas está na consumação das mesmas. Donde se fala de uma ânsia de não ser, as tendências kármicas querem todas se autodestruir, satisfazer-se. Todo o universo material (Prakrití) caminha em direção ao repouso, à reabsorção numa unidade original.

Extraído do livro Yôga e Consciência, de HENRIQUES, Antônio Renato. Pág. 84-87. 2a. ed. Ed. Rígel. São Paulo, 1984.

quinta-feira, agosto 26, 2010

eu existo



Move-se o corpo
Morro em diferentes curvas
Em diferentes ritmos respiratórios
Encontro-me nos gestos sutis
E o pensamento que já não é
Tráz a morte súbita e tranqüila
No encadeamento...
Na dança ,na coreografia
A vida é passageira
efêmera.
Eu diferente, mais lúcida, mas ainda não totalmente acordada.
Nasci,
Alguém para morrer no movimento novamente
Nas curvas mais delicadas, nos gestos mais acentuados.
Preparo novamente para diversas mortes...
de diferentes mascaras
Aniquilar um ser que vive no palco,
Um palco promíscuo
O “Eu existo”!

Sylvia Palumbo Scrocco

terça-feira, agosto 17, 2010

segunda-feira, agosto 16, 2010

Sámkhya, A Filosofia do Yoga


Sámkhya, A Filosofia do Yoga




O Sámkhya e o Yoga são tidos como dois aspectos de uma única tradição, a mais antiga e sólida de toda a miríade de sistemas filosóficos que afloraram ao longo da história da Índia. É de extrema utilidade ao praticante de Yoga familiarizar-se com a fundamentação teórica dos exercícios, pois assim terá maior liberdade para adaptá-los às suas necessidades pessoais, ao invés de seguir mecanicamente fórmulas pré-estabelecidas. Embora a natureza do Sámkhya seja fundamentalmente especulativa, o curso está voltado para a aplicação das teorias, para que o praticante possa, por si mesmo, atestar sua validade.

terça-feira, maio 11, 2010

Lakshimi é uma divindade do Hinduísmo





Personificação da beleza, fartura, generosidade e e principalmente da riqueza e da fortuna a Deusa Lakshimi é sempre invocada para amor, fartura, riqueza e poder, Lakshmi é a esposa da dinvidade Vishnu o sustentador do universo na religião Hindu É o principal símbolo da pontência feminina, sendo reconhecida por sua eterna juventude e formosura.

quinta-feira, abril 01, 2010

Kali



Eu sou as trevas por trás e por baixo das sombras.
Eu sou a ausência de ar que espera no inicio de cada respiração.
Eu sou o fim antes que a vida recomece, a deterioração que fertiliza o que vive.
Eu sou o poço sem fundo, o esforço sem fim para reivindicar o que é negado.
Eu sou a chave que destranca todas as portas.
Eu sou a glória da descoberta, pois eu sou o que está escondido, segregado e proibido.Venha a mim na Lua Negra e veja o que não pode ser visto, encare o terror que é só seu.
Nade até mim através dos mais negros oceanos, até o centro de seus maiores medos.
Eu e o Deus das trevas o manteremos em segurança.
Grite para nós em terror e seu será o poder de suportar o insuportável.
Pense em mim quando sentir prazer e eu o intensificarei. Até o dia em que terei o maior prazer de encontra-lo na encruzilhada entre os mundos.
Sabedoria e a capacidade de dar poderes são os meus presentes.
Ouça-me, criança, e conheça-me por quem eu sou. Eu tenho estado com você desde o seu nascimento e ficarei com você ate que você retorne a mim no crepúsculo final.
Eu sou a amante apaixonada e sedutora que inspira o poeta a sonhar.
Eu sou aquela que te chama ao fim de sua jornada. Quando o dia se vai, minhas crianças encontram seu descanso abençoado em meus braços.
Eu sou o útero do qual todas as coisas nascem.
Eu sou o sombrio, silencioso túmulo; todas as coisas devem vir a mim e suportar a morte e o renascer para o todo.
Eu sou a Bruxa que não será governada, a tecelã do tempo, a professora dos mistérios.
Eu corto as linhas que trazem minhas crianças ate mim. Eu corto as gargantas dos cruéis e bebo o sangue daqueles sem coração. Engula seu medo e venha ate mim, e você descobrira verdadeira beleza, forca e coragem.
Eu sou a fúria que dilacera a carne da injustiça.
Eu sou a forja incandescente que transforma seus demônios internos em ferramentas de poder. Abra-se a meu abraço e domínio.
Eu sou a espada resplandecente que te protege do mal.
Eu sou o cadinho no qual todos os seus aspectos se misturam em um arco-íris de união.
Eu sou as profundezas aveludadas do céu noturno, as brumas rodopiantes da meia-noite, coberta de mistério.
Eu sou a crisálida na qual você ira encarar o que te apavora e da qual você ira florescer vibrante e renovada.
Procure por mim nas encruzilhadas e você será transformada, pois uma vez que você olhe para meu rosto não existe volta.
Eu sou o fogo que beija as algemas e as leva embora.
Eu sou o caldeirão no qual todos os opostos crescem para se conhecer de verdade. Eu sou a teia que conecta todas as coisas.
Eu sou a curadora de todas as feridas, a guerreira que corrige todos os erros a seu tempo.
Eu faço o fraco forte. Eu faço humilde o arrogante. Eu ergo o oprimido e dou poderes ao desprivilegiado. Eu sou a justiça temperada com compaixão.
Eu sou você, eu sou parte de você, estou dentro de você.
Procure-me dentro e fora e você será forte. Conheça-me, aventure-se nas trevas para que você possa acordar com equilíbrio, iluminação e plenitude. Leve meu amor consigo a toda parte e encontre o poder interior para ser quem você quiser.

segunda-feira, março 29, 2010

"A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos." (Gandhi)

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Yamas e niyamas

A pureza corporal e mental é fundamental para saúde fisica e mental.É por isso que o caminho de 8 angas de Pátañjali começa com os dez mandamentos de Yama e niyama,que regulam não só a vida social dos praticantes de Yoga como também sua relação com seu próprio composto somático-psíquico e com a Divindade.A pureza mental e fisica cria a base necessária para as práticas superiores do Yoga ,que tem por objetivo lustrar de modo mais direto espelho da mente .
A inibição mental é feito por meio de práticas de prátyahára(inibição sensorial), da concentração(dháraná)da meditação(dhyána)e da autotranscendência(samadhi).
A pureza corporal é feito através das praticas de pránayama, kriyá,yoganidrá,ásana,pújá,mudrá e mantra.

Quando um homem contempla os objetos, nasce o apego a eles. Do apego nasce o desejo. (de mais contato com os objetos) e do desejo nasce à ira (quando o mesmo desejo é frustrado).
Da ira nasce à confusão, da confusão, o colapso da memória; do colapso da memória, a perda da sabedoria (buddhi);com a perda da sabedoria (ele) perece. Texto sagrado do Yoga (2.62-63)

Yamas e Nyamas

"Todos caminhos trilham pra gente se ver, todas trilhas caminham para gente se achar"..

terça-feira, janeiro 26, 2010

Ganesha


Ganesha significa “Senhor de Todos os Seres”. É filho do Senhor Shiva, a “Realidade Suprema”, e de Parvati, a “Mãe do Cosmos”. Seus sinais sobre a testa representam as três dimensões: a região inferior, a Terra e o Paraíso. Suas orelhas simbolizam a grande sapiência da educação espiritual. Seus olhos enxergam além da dualidade, o espírito de Deus em cada um. Sua tromba indica capacidade intelectiva. Suas presas representam os mundos material e espiritual, negativo e positivo, Yin e Yang, forte e fraco. Sua enorme barriga indica capacidade de “ingerir” qualquer experiência, representando também a abundância. Seus braços representam os quatro atributos do corpo: mente, corpo, intelecto e consciência. Em sua mão direita (acima) carrega uma machadinha, que decepa os apegos do mundo material; na outra (abaixo), o sinal do OM, que abençoa com prosperidade e destemor; na mão esquerda (acima), o laço significa a fertilidade, a própria natureza; na outra (abaixo), gadu, um doce feito de grão-de-bico com açúcar granulado ou doce-de-leite com arroz, que representa a satisfação e a plenitude do conhecimento. O rato significa que devemos ser astutos e diligentes em nossas ações. A serpente é o símbolo da energia física, guardiã dos segredos da Terra. Assim, Ganesha é o Mestre do Conhecimento, da Inteligência e da Sapiência. É aquele que proporciona a potência espiritual e a inteligência suprema. É o grande Removedor dos obstáculos, Guardião da Riqueza, da Beleza, da Saúde, do Sucesso, da Prosperidade, da Graça, da Compaixão, da Força e do Equilíbrio.

quarta-feira, janeiro 13, 2010

por trás da estatueta de Shiva-


Perceba que Shiva esta com um dos pés no avidya (ignorância),
Pode ser entendido como o despertar através dos Yamas e Niyamas (éticas).
Controla agora o maya(a ilusão) na condição de vivenciar um novo conceito de vida . A experiência de uma nova realidade.
Nessa imagem fica clara, no meu entendimento, que o homem deixa de ser alienado e passa a ter uma experiência mais clara da realidade que o cerca; sem fugir da experiência que lhe foi ofertada .Afinal, um dos pés, ainda que massacrando a ignorância, encontra-se no chão e o outro mostrando a realidade:A relação Púrusha e Prakrtti .
A descoberta , a inovação , o transcender do ego, o Moksha(libertação).
Seus braços o movimento, a temporalidade.
A roda de fogo - Samsara representando o fruto de nossas ações perpétuas.
A sensorialidade , feminilidade, percepção representada pelas variadas formas .
No ano de 2010 a escola propõe aos alunos uma revolução ética


terça-feira, janeiro 12, 2010

Yoga Clássico- Pátañjali

• Yamas : proscrições ética que constituem o primeiro passo do Yoga clássico.

• Nyamas :prescrições éticas que constituem o primeiro passo do Yoga Clássico.

• Ásana : consciência corporal(O mudrá de Shiva permite a conexão com o criador de Yoga;O Pújá resgata essa força ancestral;O mantra desobstrui suas Nadis, que são meridianos onde o prana(bioenergia)circula; O pranáyáma: expande a energia vital; O kriyá limpa o corpo denso;O Ásana atua nos órgãos internos, plexos,glândulas; O Yoganidrá processa e assimila tudo isso)

• Pranáyáma- expansão da bioenergia (prana) através do ato de respirar.

• Pratyáhara - abstração de sentidos.

• Samyama:(dháraná+dhyána+samadhi) desenvolve os mais sublimes estados de consciência.

• Dháraná - concentração.

• Dhyána - Meditação.

• Samadhi - Técnica de trabalho de estados de consciência (intuição linear).

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Eco- Yoga

Meio Ambiente e Yoga. O que tudo isso tem a ver com o Yoga?TUDO.

Todas as formas de vida são ligadas entre si e dependem uma das outras. É esse o tema da ecologia. Em palavras simples, a ecologia é o estudo dos relacionamentos vitais entre vegetais e animais (incluindo seres Humanos) e o ambiente em que vivem. Muitas vezes, a palavra é usada para designar o próprio nexo que liga o ser vivo ao ambiente, embora a ecologia seja, a rigor, o estudo desse nexo.

Nosso planeta já foi comparado a uma espaçonave gigantesca cujos recursos são limitados. É verdade que os recursos da Terra são inexauríveis, mas há outro fato importante: nosso planeta natal é muito mais complexo do que poderia ser qualquer implemento tecnológico.Ele é, como lembrou à nossa geração biólogo James Gordon Lovelock, um organismo vivo,que ele chamou de “Gaia”. Sendo um organismo vivo, a Terra é um sistema de forças cuidadosamente equilibradas.

No decorrer das décadas passadas, esse equilíbrio foi gravemente perturbado por padrões de vida antiecológicos, características sobretudo dos países “civili- zados”, que geraram a chamada crise ecológica. Muitos fatores contribuem para essa crise, e entre elas podemos destacar a superpopulação, a má distribuição da população (ou seja, o gigantismo das áreas metropolitanas), o consumo excessivo,o desperdício,o mau uso da tecnologia e - sendo este um dos principais problemas - um pensamento egoísta e imediatista.

O que tudo isso tem a ver com o Yoga? TUDO. O Yoga é intrinsecamente ecológico. Todo Yoga é aquilo que já se chamou de “Eco –Yoga”. Nas palavras de Bhagavad-Gita, Yoga é equilíbrio (samatwa). Essa palavra não precisa ser compreendida somente no âmbito psicológico. Quando temos equilíbrio interior, temos também equilíbrio em relação ao meio ambiente. Isso se confirma pelo código moral do Yoga, abrangente e rigoroso que abarca todos os aspectos das relações do praticante com seu ambiente e outros seres vivos.

Esse código se consubstancia nas cinco disciplinas morais: Yamas:ahimsá (não agressão), satya (a verdade), asteya (não roubar), brahmácharya (a não dissipação da sexualidade), aparigraha (a não-possessividade ou não cobiçar). Assim, a não violência consiste numa reverência por todas as formas de vida. Isso implica, por exemplo, adotarmos um estilo de vida que não prejudique o hábitat de outras espécies animais. Alem disso, quando levamos a sério essa regra, temos de adotar uma dieta vegetariana. Caso isso não seja possível, temos ao menos que garantir nosso consumo de produtos derivados de animais (carnes, ovos e laticínios). Não colabore de modo algum com a cruel prática da criação animal industrializada. O preceito moral asteya (não roubar) implica, por exemplo, que não peguemos para nós mais do que o necessário para atender às necessidades do nosso complexo psicossomático. São poucos, porém, os que se dispõem a adotar o modo de vida espartano com o qual os verdadeiros Yogins estão acostumados. Por outro lado, existem muitas coisas que podemos fazer para nos adaptar a essa obrigação moral. Assim podemos evitar o que se chama de “consumismo” e que inclui o abominável desperdício de alimentos. Podemos aprender a usar aquilo que temos de sobra (e cujo destino é na maioria das vezes a lata de lixo) para melhorar as condições de vida de nossos semelhantes menos afortunados. Lembrando que a lata de lixo representa nada mais que seu planeta, afinal para aonde você pensa que vai seu lixo? Do mesmo modo, a conduta moral do não cobiçar (aparigraha) é compreendida como uma exigência abrangente de que o homem se relacione com a vida de maneira equilibrada, sem querer tudo para si, respeitando o direito dos outros de partilhar os recursos do planeta. O viver consciente é um equilíbrio entre dar e receber. Assim, por exemplo,quando cortamos uma árvore em um terreno de nossa propriedade,temos o dever de plantar pelo menos mais uma árvore. O pensamento eco-yogi exige de nós que colaboremos para repor nossos recursos utilizados. Somos co-responsáveis!

Falamos dos Yamas (proscrições), agora vamos aos niyamas (prescrições éticas) A exigência yogi da pureza (sauchan), também pode ser compreendida num sentido ecológico mais amplo. Temos que fazer todo o possível para eliminar a poluição em nossa própria vida e para apoiar esforços em prol da limpeza do ambiente em geral. O Eco-Yoga é um conceito que designa a necessária convergência entre a espiritualidade Yogi tradicional e o ativismo social que gira em torno das preocupações ecológicas. Estamos diante de uma crise ambiental cada vez mais grave que afeta profundamente a vida de todos. Já não podemos nos dar o luxo de adotar o quietismo como postura de vida. Temos também de assumir nossa parcela de culpa e responsabilidade pelo ambiente em que vivemos, e isso significa reavivar em nós a idéia de que esse planeta é sagrado e participar ativamente do seu processo de recuperação ecológica. Do ponto de vista metafísico, o desafio com que deparamos é o de aprender a respeitar tanto a transcendência quanto a imanência. Para dar um exemplo concreto, não podemos ter a menor esperança de conhecer a nós mesmos - e muito menos a divindade em quanto deixarmos que as pilhas de detritos e os poluentes tóxicos que infestam o ar e bloqueiem nossa visão. Temos, antes de aprender a cooperar com a Natureza, a qual é a própria base do esforço espiritual que temos a pretensão de fazer. Temos de estar dispostos a mostrar fidelidade não só ao caminho espiritual, mas ao mundo que vivemos. Segundo a tradição Tantra -Yoga o corpo é um instrumento precioso para a realização da divindade e da realidade. Temos que reconhecer, da mesma maneira, o imenso valor do nosso planeta. A Terra é o nosso corpo e é o único que temos. Destruindo-o é como se nos suicidássemos.

DIRETRIZES PARA O CULTIVO DO PROCESSO ECO-YOGI

  • Ter a determinação de compreender a época que vivemos e as forças internas que as moldam. Uma vez que vivemos numa complexa civilização pluralista, estamos inevitavelmente expostos a todos os tipos de correntes socioculturais, as quais precisamos compreender para cultivar nossa própria autenticidade.
  • Levar uma vida mais simples, mais sensível à ecologia. Temos que avaliar, urgente, nossos hábitos de consumo e ver o que podemos fazer para diminuir o consumo de energia, água e a poluição do nosso ambiente imediato. Realmente preciso ligar o ar condicionado ou aquecedor? Preciso deixar tantas luzes acesas? Preciso utilizar tanto um automóvel ou posso planejar melhor minhas saídas ou mesmo combinar um rodízio de carros com amigos? Preciso dar tantas descargas no banheiro e tomar banhos prolongados? Não poderia reciclar latas e garrafas? Será que posso diminuir o consumo dos produtos industrializados e ter uma alimentação muito mais saudável? A preguiça realmente me impede de usar resíduos vegetais para fazer adubo para meu jardim? Qual é a dificuldade de me tornar vegetariano? E por aí a fora. As grandes mudanças começam quando fazemos as coisas “pequenas”.
  • Unir forças com grupo ecológico local e passar a ter alguma atividade sociopolítica. O Yoga não é só interioridade e esta longe da palavra alienação. Com excessiva freqüência, os sadhakas do Yoga (praticantes) preocupam-se apenas com a própria “salvação” e ignoram o contexto maior em que vivem. Mas que salvação é essa? Yoga não é sinônimo de fuga. Viva a experiência com santôsha (contentamento) utilizando como base a ética. Em última análise, essa atitude é egoísta e contraria a proposta do Yoga, além de ser contraproducente. Isso porque o ambiente se impõe a nós. Como executar um excelente pránáyáma (respiratórios) com ar poluído? Como conservar sadio nosso corpo e mente quando o alimento cresce envenenado por substancias químicas nocivas? Como alcançar a imobilidade interior necessária a meditação quando nossos timpanos são constantemente bombardeados por ruídos de carros, aviões... Etc.? Apoiar as ONGs é o mínimo que podemos fazer.
  • Cultivar o autoconhecimento, lançando luz sobre os motivos que nos levam a tomar o caminho espiritual; e ter disposição para reconhecer e trabalhar as tendências neuróticas que se disfarçam de ideais espirituais. Não podemos confiar irrefletidamente na idéia que temos de nós mesmos; temos de consultar pessoas sábias e benignas que possam servir de espelhos fiéis do nosso caráter. A falta de autoconhecimento freqüentemente nos leva a agir erroneamente
  • Estudar as tradições espirituais do mundo inteiro a fim de aprofundar a compreensão do caminho que adotamos. Isso nos ajuda a apreciar a complementaridade das tradições religiosas e espirituais deste nosso mundo. Faz diminuir também a tendência à parcialidade, ao exclusivismo. Pode enfim, nos ajudar a cultivar as virtudes admiráveis - e, na verdade, essenciais - da compaixão e tolerância, que facilitam a cooperação e o viver ecológico.
  • Ficar em contato com ambiente natural. A vida na cidade seduz as pessoas e as leva a ter uma relação abstrata com a Terra. É importante encostar-se a terra, no solo, cuidar de flores ou árvores, observar cada detalhe da Natureza provar a água pura das vertentes montanhas, ver de perto a exuberância da vida selvagem e assim por diante. Sem esse “aterramento”, a interioridade muitas vezes não passa de uma fuga neurótica. Para sermos completos, precisamos não só da benção do Céu no interior, mas do toque da terra no exterior, que nos transforma.
  • Recordamo-nos todos os dias de que a vida é um dom precioso que não pode ser desperdiçado, dissipado ou mal utilizado. Se nosso coração esta aberto, a gratidão e o louvor fluem naturalmente dos nossos lábios. Geralmente a educação ocidental não nos predispõe a expressar nossa gratidão (nem as demais emoções) e nos ensina a criticar ao invés de louvar. É claro que não há necessidade de omitir as críticas que precisam ser feitas, mas essas críticas, muitas vezes são mais bem recebidas quando são temperadas com compaixão e louvor (as quais podem ser vistas como uma forma ativa de compaixão)
  • Fazer para o outro o que deseja para você. Somos hoje muito individualistas pecamos muito em pequenas atitudes com o próximo e com o meio que vivemos. Seja menos espaçoso. Faça Swádhyaya (auto-estudo). Respeite seus semelhantes.

A vida no mundo pós-moderno feriu a todos de uma maneira ou de outra, e a necessidade de cura é intensa. O louvor e as expressões de gratidão são meios excelentes para aliviar o sofrimento (duhkha) e promover esperança. Quando vemos a vida como uma oportunidade espiritual pela qual somos gratos, o mundo deixa de ser nosso inimigo.

Não deixamos de colher nossa parte no Karma coletivo nem de sofrer com a exploração da Terra, mas começamos por outro lado a sentir uma afinidade com todas as pessoas, seres e coisas - afinidade essa que é, em si mesma, uma cura.

“Tornamo-nos verdadeiros cidadãos do ecossistema cósmico; nosso voto, que decidirá o futuro desse ecossistema, é dado a cada momento pela maneira como vivemos.” Georg Feuerstein