Praticar Yoga é descobrir fortalecer sua própria identidade.É identificar-se consigo mesmo.Pensar com sua própria cabeça e observar o mundo por sua própria e única perspectiva.É quebrar e romper barreiras sociais.É também ser livre para agir .É mudar .
Enfim , é revelar a perfeição que existe nato em nós.
Yoga não é teoria , é pura realização.

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primeiro o Sámkhya e depois os sútras de Pátañjali .
Os sútras estão primeiro na sua lingua original (sânscrito ) acompanhado das traduçôes de George Feuerstein e Mestre DeRose .Em seguida em alguns sútras comentários de George Feuerstein e comentarios meus
Espero que seja de grande utilidade para aqueles que buscam a verdade e a compreensão da sua existencia.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Eco- Yoga

Meio Ambiente e Yoga. O que tudo isso tem a ver com o Yoga?TUDO.

Todas as formas de vida são ligadas entre si e dependem uma das outras. É esse o tema da ecologia. Em palavras simples, a ecologia é o estudo dos relacionamentos vitais entre vegetais e animais (incluindo seres Humanos) e o ambiente em que vivem. Muitas vezes, a palavra é usada para designar o próprio nexo que liga o ser vivo ao ambiente, embora a ecologia seja, a rigor, o estudo desse nexo.

Nosso planeta já foi comparado a uma espaçonave gigantesca cujos recursos são limitados. É verdade que os recursos da Terra são inexauríveis, mas há outro fato importante: nosso planeta natal é muito mais complexo do que poderia ser qualquer implemento tecnológico.Ele é, como lembrou à nossa geração biólogo James Gordon Lovelock, um organismo vivo,que ele chamou de “Gaia”. Sendo um organismo vivo, a Terra é um sistema de forças cuidadosamente equilibradas.

No decorrer das décadas passadas, esse equilíbrio foi gravemente perturbado por padrões de vida antiecológicos, características sobretudo dos países “civili- zados”, que geraram a chamada crise ecológica. Muitos fatores contribuem para essa crise, e entre elas podemos destacar a superpopulação, a má distribuição da população (ou seja, o gigantismo das áreas metropolitanas), o consumo excessivo,o desperdício,o mau uso da tecnologia e - sendo este um dos principais problemas - um pensamento egoísta e imediatista.

O que tudo isso tem a ver com o Yoga? TUDO. O Yoga é intrinsecamente ecológico. Todo Yoga é aquilo que já se chamou de “Eco –Yoga”. Nas palavras de Bhagavad-Gita, Yoga é equilíbrio (samatwa). Essa palavra não precisa ser compreendida somente no âmbito psicológico. Quando temos equilíbrio interior, temos também equilíbrio em relação ao meio ambiente. Isso se confirma pelo código moral do Yoga, abrangente e rigoroso que abarca todos os aspectos das relações do praticante com seu ambiente e outros seres vivos.

Esse código se consubstancia nas cinco disciplinas morais: Yamas:ahimsá (não agressão), satya (a verdade), asteya (não roubar), brahmácharya (a não dissipação da sexualidade), aparigraha (a não-possessividade ou não cobiçar). Assim, a não violência consiste numa reverência por todas as formas de vida. Isso implica, por exemplo, adotarmos um estilo de vida que não prejudique o hábitat de outras espécies animais. Alem disso, quando levamos a sério essa regra, temos de adotar uma dieta vegetariana. Caso isso não seja possível, temos ao menos que garantir nosso consumo de produtos derivados de animais (carnes, ovos e laticínios). Não colabore de modo algum com a cruel prática da criação animal industrializada. O preceito moral asteya (não roubar) implica, por exemplo, que não peguemos para nós mais do que o necessário para atender às necessidades do nosso complexo psicossomático. São poucos, porém, os que se dispõem a adotar o modo de vida espartano com o qual os verdadeiros Yogins estão acostumados. Por outro lado, existem muitas coisas que podemos fazer para nos adaptar a essa obrigação moral. Assim podemos evitar o que se chama de “consumismo” e que inclui o abominável desperdício de alimentos. Podemos aprender a usar aquilo que temos de sobra (e cujo destino é na maioria das vezes a lata de lixo) para melhorar as condições de vida de nossos semelhantes menos afortunados. Lembrando que a lata de lixo representa nada mais que seu planeta, afinal para aonde você pensa que vai seu lixo? Do mesmo modo, a conduta moral do não cobiçar (aparigraha) é compreendida como uma exigência abrangente de que o homem se relacione com a vida de maneira equilibrada, sem querer tudo para si, respeitando o direito dos outros de partilhar os recursos do planeta. O viver consciente é um equilíbrio entre dar e receber. Assim, por exemplo,quando cortamos uma árvore em um terreno de nossa propriedade,temos o dever de plantar pelo menos mais uma árvore. O pensamento eco-yogi exige de nós que colaboremos para repor nossos recursos utilizados. Somos co-responsáveis!

Falamos dos Yamas (proscrições), agora vamos aos niyamas (prescrições éticas) A exigência yogi da pureza (sauchan), também pode ser compreendida num sentido ecológico mais amplo. Temos que fazer todo o possível para eliminar a poluição em nossa própria vida e para apoiar esforços em prol da limpeza do ambiente em geral. O Eco-Yoga é um conceito que designa a necessária convergência entre a espiritualidade Yogi tradicional e o ativismo social que gira em torno das preocupações ecológicas. Estamos diante de uma crise ambiental cada vez mais grave que afeta profundamente a vida de todos. Já não podemos nos dar o luxo de adotar o quietismo como postura de vida. Temos também de assumir nossa parcela de culpa e responsabilidade pelo ambiente em que vivemos, e isso significa reavivar em nós a idéia de que esse planeta é sagrado e participar ativamente do seu processo de recuperação ecológica. Do ponto de vista metafísico, o desafio com que deparamos é o de aprender a respeitar tanto a transcendência quanto a imanência. Para dar um exemplo concreto, não podemos ter a menor esperança de conhecer a nós mesmos - e muito menos a divindade em quanto deixarmos que as pilhas de detritos e os poluentes tóxicos que infestam o ar e bloqueiem nossa visão. Temos, antes de aprender a cooperar com a Natureza, a qual é a própria base do esforço espiritual que temos a pretensão de fazer. Temos de estar dispostos a mostrar fidelidade não só ao caminho espiritual, mas ao mundo que vivemos. Segundo a tradição Tantra -Yoga o corpo é um instrumento precioso para a realização da divindade e da realidade. Temos que reconhecer, da mesma maneira, o imenso valor do nosso planeta. A Terra é o nosso corpo e é o único que temos. Destruindo-o é como se nos suicidássemos.

DIRETRIZES PARA O CULTIVO DO PROCESSO ECO-YOGI

  • Ter a determinação de compreender a época que vivemos e as forças internas que as moldam. Uma vez que vivemos numa complexa civilização pluralista, estamos inevitavelmente expostos a todos os tipos de correntes socioculturais, as quais precisamos compreender para cultivar nossa própria autenticidade.
  • Levar uma vida mais simples, mais sensível à ecologia. Temos que avaliar, urgente, nossos hábitos de consumo e ver o que podemos fazer para diminuir o consumo de energia, água e a poluição do nosso ambiente imediato. Realmente preciso ligar o ar condicionado ou aquecedor? Preciso deixar tantas luzes acesas? Preciso utilizar tanto um automóvel ou posso planejar melhor minhas saídas ou mesmo combinar um rodízio de carros com amigos? Preciso dar tantas descargas no banheiro e tomar banhos prolongados? Não poderia reciclar latas e garrafas? Será que posso diminuir o consumo dos produtos industrializados e ter uma alimentação muito mais saudável? A preguiça realmente me impede de usar resíduos vegetais para fazer adubo para meu jardim? Qual é a dificuldade de me tornar vegetariano? E por aí a fora. As grandes mudanças começam quando fazemos as coisas “pequenas”.
  • Unir forças com grupo ecológico local e passar a ter alguma atividade sociopolítica. O Yoga não é só interioridade e esta longe da palavra alienação. Com excessiva freqüência, os sadhakas do Yoga (praticantes) preocupam-se apenas com a própria “salvação” e ignoram o contexto maior em que vivem. Mas que salvação é essa? Yoga não é sinônimo de fuga. Viva a experiência com santôsha (contentamento) utilizando como base a ética. Em última análise, essa atitude é egoísta e contraria a proposta do Yoga, além de ser contraproducente. Isso porque o ambiente se impõe a nós. Como executar um excelente pránáyáma (respiratórios) com ar poluído? Como conservar sadio nosso corpo e mente quando o alimento cresce envenenado por substancias químicas nocivas? Como alcançar a imobilidade interior necessária a meditação quando nossos timpanos são constantemente bombardeados por ruídos de carros, aviões... Etc.? Apoiar as ONGs é o mínimo que podemos fazer.
  • Cultivar o autoconhecimento, lançando luz sobre os motivos que nos levam a tomar o caminho espiritual; e ter disposição para reconhecer e trabalhar as tendências neuróticas que se disfarçam de ideais espirituais. Não podemos confiar irrefletidamente na idéia que temos de nós mesmos; temos de consultar pessoas sábias e benignas que possam servir de espelhos fiéis do nosso caráter. A falta de autoconhecimento freqüentemente nos leva a agir erroneamente
  • Estudar as tradições espirituais do mundo inteiro a fim de aprofundar a compreensão do caminho que adotamos. Isso nos ajuda a apreciar a complementaridade das tradições religiosas e espirituais deste nosso mundo. Faz diminuir também a tendência à parcialidade, ao exclusivismo. Pode enfim, nos ajudar a cultivar as virtudes admiráveis - e, na verdade, essenciais - da compaixão e tolerância, que facilitam a cooperação e o viver ecológico.
  • Ficar em contato com ambiente natural. A vida na cidade seduz as pessoas e as leva a ter uma relação abstrata com a Terra. É importante encostar-se a terra, no solo, cuidar de flores ou árvores, observar cada detalhe da Natureza provar a água pura das vertentes montanhas, ver de perto a exuberância da vida selvagem e assim por diante. Sem esse “aterramento”, a interioridade muitas vezes não passa de uma fuga neurótica. Para sermos completos, precisamos não só da benção do Céu no interior, mas do toque da terra no exterior, que nos transforma.
  • Recordamo-nos todos os dias de que a vida é um dom precioso que não pode ser desperdiçado, dissipado ou mal utilizado. Se nosso coração esta aberto, a gratidão e o louvor fluem naturalmente dos nossos lábios. Geralmente a educação ocidental não nos predispõe a expressar nossa gratidão (nem as demais emoções) e nos ensina a criticar ao invés de louvar. É claro que não há necessidade de omitir as críticas que precisam ser feitas, mas essas críticas, muitas vezes são mais bem recebidas quando são temperadas com compaixão e louvor (as quais podem ser vistas como uma forma ativa de compaixão)
  • Fazer para o outro o que deseja para você. Somos hoje muito individualistas pecamos muito em pequenas atitudes com o próximo e com o meio que vivemos. Seja menos espaçoso. Faça Swádhyaya (auto-estudo). Respeite seus semelhantes.

A vida no mundo pós-moderno feriu a todos de uma maneira ou de outra, e a necessidade de cura é intensa. O louvor e as expressões de gratidão são meios excelentes para aliviar o sofrimento (duhkha) e promover esperança. Quando vemos a vida como uma oportunidade espiritual pela qual somos gratos, o mundo deixa de ser nosso inimigo.

Não deixamos de colher nossa parte no Karma coletivo nem de sofrer com a exploração da Terra, mas começamos por outro lado a sentir uma afinidade com todas as pessoas, seres e coisas - afinidade essa que é, em si mesma, uma cura.

“Tornamo-nos verdadeiros cidadãos do ecossistema cósmico; nosso voto, que decidirá o futuro desse ecossistema, é dado a cada momento pela maneira como vivemos.” Georg Feuerstein